Nos países em desenvolvimento, 62% das pessoas estão com
sobrepeso e obesidade. No Brasil, ultrapassam 50% da população – cerca de 75
milhões de pessoas, das quais 27 milhões são obesas (17%, um em cada seis
indivíduos).
Nem é preciso lembrar que a obesidade é fator de risco para
uma série de doenças. O sobrepeso aumenta a possibilidade de desenvolver
problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, artrose, artrite, pedra
na vesícula, apneia, refluxo esofágico, tumores de intestino, para citar alguns.
E, claro, diabetes (leia Cinturinha de pilão?). Segundo a entidade científica
The Obesity Society, em todo o mundo quase 90% das pessoas com diabetes tipo 2
têm sobrepeso ou obesidade.
Mas o que chama a atenção na campanha do Dia Mundial da
Obesidade de 2018 é o tema: estigma (End
Weight Stigma). De acordo com o site da World Obesity Federation, a proposta
é conscientizar sobre a “prevalência, severidade e diversidade do estigma
contra o excesso de peso”. Seguindo na
mesma linha, no Brasil a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia) e a ABESO (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e
Síndrome Metabólica) adotaram o tema Obesidade:
eu trato com respeito. Diz a campanha:
“Tratar a obesidade com respeito é respeitar o paciente com obesidade.
Respeitar a sua condição. É não reforçar a ideia errada de que a obesidade é
culpa de quem tem”.
Essa é exatamente a origem do estigma que ronda o diabetes
tipo 2 (leia Estigma). Na cabeça de
muitos, quem tem DM2 tem sobrepeso e, portanto, é preguiçoso, descomprometido, “sem
vergonha”. Esquecendo que diabetes e obesidade são doenças crônicas, complexas
e multifatoriais, que vão além das escolhas individuais.
Enfrentar o preconceito já não é fácil, mas pior ainda são as barreiras que surgem como resultado
do estigma, o que pode impedir pessoas com diabetes e/ou obesidade de receber o
tratamento médico de que precisam. E merecem.
Para a World Obesity Federation, a mídia é um dos principais
responsáveis pela disseminação do preconceito. “Os atuais retratos da mídia
sobre a obesidade reforçam estereótipos imprecisos e negativos sobre o peso. Pedimos
a todos os meios de comunicação que acabem com o uso de linguagem e imagens
estigmatizantes e, em vez disso, retratem a obesidade de maneira justa, precisa
e informativa”.
Vale lembrar que o estigma/preconceito está em todos nós. É
preciso mudar linguagem, atitudes e comportamentos. É preciso aumentar a
conscientização sobre as causas e os riscos do excesso de peso. Também entre os
profissionais de saúde (médicos incluídos, sem dúvida), que devem aprimorar o
atendimento e apoio ao paciente com obesidade e/ou diabetes durante todo o
tratamento, visando maior eficácia. Sem medo, sem vergonha, sem preconceito.
Parabéns às entidades internacionais e à SBEM e ABESO pela
iniciativa de atacar o problema não apenas com pesquisas e protocolos médicos.
É assim que as coisas começam a mudar.
Saiba mais:
SBEM: www.endocrino.org.br/
ABESO: www.abeso.org.br
World Obesity Federation: www.worldobesity.org/
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