quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Descarrilhando


O Brasil cuida mal do diabetes. Na média, a hemoglobina glicada entre os quase 13 milhões de brasileiros DIAGNOSTICADOS com diabetes tipo 2 é de 8,7%. A situação é pior ainda nas regiões Norte e Nordeste, onde a média de HbA1C é de 9,0% e 8,9% respectivamente. Dentro da meta do bom controle – hemoglobina glicada menor do que 7% (veja Hemo..o quê??.....) –, são apenas 27% dos brasileiros com DM2.
Isso sem contar as pessoas não diagnosticadas – 46% dos casos do planeta, segundo as estimativas mais otimistas. Considerando, porém, que nos países em desenvolvimento o não-diagnóstico pode superar 83%, chega-se facilmente a um montante de 10 milhões de indivíduos no país que nem desconfiam que têm diabetes.
Por que esse descontrole?
A principal causa é a falta de adesão ao tratamento, que afeta entre 48% e 77% dos pacientes (os estudos não conseguem dados precisos). Número expressivo, em qualquer dos casos.
A medicação até tem adeptos: a adesão é de cerca de 80%. Mas no diabetes só tomar os remédios e/ou insulina não basta. É essencial para o bom controle associar alimentação saudável e atividade física regular. Também é fundamental ter o tratamento constantemente reavaliado, para garantir a cada indivíduo o medicamento mais adequado, usado de maneira correta e suficiente.
São diversas as prováveis causas da baixa adesão e do mau controle. Em primeiro lugar as características do próprio diabetes: condição crônica, que demanda um tratamento de longa duração (a vida inteira...), complexo, caro, que exige cuidados diários, em muitos momentos do dia e de naturezas diversas (alimentação, monitorização, remédios etc.).
Do ponto de vista da pessoa com diabetes, a falta de motivação deriva da dificuldade de aceitação da doença, sem falar do medo, da tristeza, da vergonha. Além disso, nem sempre a pessoa tem as habilidades necessárias para o autocuidado. Precisa aprender não só coisas práticas – fazer testes de glicemia, por exemplo –, como questões mais sutis, como as melhores escolhas alimentares. Para isso, precisa do apoio da família, da sociedade e dos profissionais de saúde. O que nem sempre encontra.
Sim, um dos “pilares” desse quadro desalentador é a dificuldade de acesso aos profissionais de saúde e, consequentemente, ao tratamento adequado. Não são muitos os profissionais capacitados para lidar com o diabetes, o que leva à falta de uma padronização terapêutica e à postergação das mudanças necessárias ao bom controle (a chamada “inércia clínica”). E a educação em diabetes, que deveria ser a base do tratamento e o caminho para o autocuidado, ainda engatinha por aqui.
O mau controle do diabetes traz, é claro, danos para o indivíduo com DM2: elevação dos níveis glicêmicos, aumento do risco de complicações, de hospitalizações e mortalidade. Traz também prejuízos para os serviços de saúde e para toda a sociedade, com aumento dos custos com o tratamento, não só do diabetes propriamente dito, mas das complicações que se instalam. Sem contar os custos indiretos decorrentes de incapacitações (temporárias ou permanentes) e até mesmo da mortalidade prematura.
Para mudar esse cenário, o que sugere a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes)? O estabelecimento e desenvolvimento de “novas e mais fortes parcerias entre órgãos governamentais e sociedade civil, para maior corresponsabilidade em ações orientadas para prevenção, detecção e controle do diabetes”.
É preciso aumentar as ações de rastreamento a fim de identificar as pessoas com diabetes ainda sem diagnóstico e ao mesmo tempo estabelecer ações junto aos já diagnosticados que não têm adesão e persistência no tratamento. Em contrapartida, é de vital importância capacitar os profissionais de saúde, especialmente os que atendem no setor público.
Unir profissionais capacitados àqueles com diabetes que mais necessitam de ajuda é aumentar o acesso à educação terapêutica. O que aumenta a adesão e, por consequência, o controle.
Ok, esse pode ser o sonho de um mundo ideal. Mas o que cada um, no seu canto, pode fazer? Não vale sentar e chorar!
Volto a insistir (e vou insistir sempre) que o primeiro movimento em direção à adesão é ACEITAR o diabetes. É “sair do armário”. Reconhecer que tem uma condição crônica que precisa de cuidado. Que depende de medicamentos adequados, insumos suficientes e equipes de saúde capacitadas.
Aceitar o diabetes significa, em resumo, buscar o melhor tratamento. Lutar pelo melhor tratamento. Juntar-se às outras pessoas com diabetes, familiares, cuidadores e profissionais para lutar pelo melhor tratamento.
Só assim, na melhor tradição do “juntos somos mais fortes”, haverá esperança de desviar o trem e mudar a história do diabetes.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Açúcar? Sim.... e não.


Tem gente que ainda acha que o principal problema do diabetes é não poder comer doce. Engano duplo.
Primeiro porque problema no diabetes são as complicações que podem ser causadas pela glicemia continuamente elevada. Complicações que podem matar ou tirar muito da qualidade de vida do indivíduo.
Segundo grande equívoco: o açúcar NÃO É PROIBIDO para quem tem diabetes. Mas não é o açúcar que faz a glicemia subir? Sim, a sacarose (nome “oficial” do açúcar de mesa) é um carboidrato simples que, portanto, tem reflexo rápido na glicemia. Porém, os alimentos que contêm açúcar aumentam a glicemia tanto quanto outros carboidratos, quando ingeridos em quantidade equivalente. Por isso, podem ser inseridos “no contexto de uma alimentação saudável”, como bem pontua a Nota Técnica nº 01/2017 publicada pelo Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Pois é, a chave dessa recomendação está na alimentação saudável. Isso porque açúcar em excesso não é bom para a saúde. Simples assim. Não dá para abusar do consumo de doces. E esse é um cuidado que serve para todos, com ou sem diabetes. A Organização Mundial da Saúde recomenda PARA TODA A POPULAÇÃO que o consumo de sacarose não ultrapasse 5% do total diário de calorias consumidas.
Como cada grama de açúcar tem 4 calorias, em um plano alimentar de 2000 kcal, por exemplo, o consumo ideal seria de 25g. O equivalente a 5 saquinhos daqueles disponíveis em cafeterias e lanchonetes.
É bem fácil extrapolar o recomendado. Uma latinha de refrigerante (350ml), por exemplo, chega a ter 40g de açúcar, superando sozinha a meta diária ideal. Se uma “inocente” colher de catchup tem 4g de sacarose, imagine aquele brigadeiro de colher! Lembrando que a recomendação da OMS – bem como a Nota Técnica da SBD e as diretrizes da entidade para 2017-2018 – visa limitar também o consumo de açúcares ocultos em alimentos industrializados.
Como saber quanto de sacarose tem na bolachinha recheada? O rótulo quase nunca traz a informação, mas se o açúcar for o primeiro item da lista dos ingredientes é porque está presente em grande quantidade. Melhor evitar ou pelo menos maneirar. Por causa do diabetes? Não, pela saúde em geral!
Sim, é preciso controlar quantidades, tendo ou não diabetes. Não é saudável “cair de boca” no pote de sorvete nem comer o bolo inteiro.
Vale ressaltar que o menor consumo de sacarose pela indústria alimentícia não significa migrar integralmente para os edulcorantes (adoçantes artificiais) e outros aditivos. Diz a Sociedade Brasileira de Diabetes: “A preferência por alimentos in natura e produtos minimamente processados, além da moderação no consumo de alimentos processados e ultraprocessados, devem ser priorizadas por toda a população, com ou sem diabetes”.
Viu? Mais uma vez ressalta-se o fato de que o plano alimentar para o diabetes não deve ser diferente. 
Gosto de insistir nesse ponto porque acredito que a disseminação dessa verdade é fundamental para reduzir o estigma que ronda o DM2. Ter diabetes não significa comer diferente, não significa ter privações, não significa ser vítima. E não se enxergar como vítima traz empoderamento, o que leva ao autocuidado. E autocuidado traz saúde."Simples" assim!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Quando as emoções atrapalham



Com frequência deparo com pessoas que dizem ter “diabetes emocional”. Normalmente, são aqueles indivíduos que tiveram o diagnóstico de diabetes após um trauma ou uma situação de estresse. A ideia não é nova: o médico inglês Thomas Willis foi o primeiro a relatar, no século 17, que pessoas em estados de tristeza ou estresse profundos desenvolviam diabetes.
Mas eu tenho que contar uma coisa para vocês: não existe diabetes emocional ou qualquer tipo de diabetes causado pelas emoções. Diabetes emocional não é diagnóstico.
Isso não quer dizer, de forma nenhuma, que as emoções não tenham interferência no diabetes. E é aí que surge a confusão.
Explicando: todo mundo apresenta aumento de glicemia numa situação de estresse. Seja um susto, uma tristeza profunda, uma crise no trabalho, ansiedade, medo, raiva. Tudo que faz com que o corpo aumente a produção dos chamados hormônios adrenérgicos (adrenalina e noradrenalina) eleva o açúcar no sangue. Esses hormônios são contra-reguladores, ou seja, inibem a ação da insulina. Portanto, fazem a glicemia subir.
Isso porque o organismo humano, que é na base o organismo de um bicho, numa situação de estresse aciona mecanismos de alarme e se prepara para lutar ou fugir. Então, mesmo em uma situação corriqueira – por exemplo, você toma um susto ao atravessar a rua e leva uma buzinada na orelha –, imediatamente há uma descarga adrenérgica, que acelera o coração e eleva a glicemia.
O que acontece com quem não tem diabetes é que, passado o susto, imediatamente a produção de adrenalina baixa e a secreção de insulina começa a voltar ao normal para reduzir o açúcar do sangue. Em quem tem diabetes, esse mecanismo está “avariado”. O que significa que em uma situação assim a glicemia sobe e permanece elevada.
E por que então desde aquele médico inglês as pessoas acham que o diabetes pode ser causado por um problema emocional? Porque o estresse pode ser o gatilho para o diagnóstico. Mas apenas quando as condições do corpo já existem. A falha (ou falhas) no mecanismo de controle do açúcar do sangue está presente. Daí acontece um evento estressor intenso. Pode ser a morte de alguém da família, um assalto, um acidente de carro, o vestibular, o casamento. Pode ser um estresse fisiológico, como uma infecção, um infarto, uma cirurgia. A glicemia sai do controle e vem o diagnóstico. Fácil pensar que o diabetes foi causado por aquela situação. Mas o estresse apenas evidenciou o diabetes.
Mais importante do que saber da existência ou não do diabetes emocional é ter consciência de que a glicemia pode sim subir a cada situação emocionalmente estressante. E ter consciência de que é preciso aprender a lidar com essas situações para que isso não prejudique a sua saúde, incluindo aí o diabetes. Se for só o susto com a buzina do carro, tudo bem. O problema é quando o estresse se torna uma constante.
Estudos mostram que indivíduos muito estressados têm mais dificuldade em cuidar da saúde, que dirá do diabetes. Têm uma alimentação irregular, dormem mal, não praticam exercícios, bebem e fumam em demasia. Sem contar que o estresse crônico eleva a secreção de um hormônio chamado cortisol, diretamente relacionado ao acúmulo de gordura abdominal, que por sua vez aumenta a resistência à insulina. E a glicemia sobe.
Então, se surgir uma situação estressante, de qualquer tipo, fique de olho na glicemia. Intensifique as monitorizações, capriche na hidratação e, se for o caso, converse com o seu médico ou equipe de tratamento.
E, sobretudo, procure relaxar. Faça yoga, meditação, passeie no parque, brinque com o seu neto, cuide das plantas, vá ao cinema, à academia, namore, dance! Qualquer coisa que possa permitir ao seu corpo lidar melhor com as situações de alarme.
Ainda está difícil? Então simplesmente pare e respire. Sim, a respiração é um instrumento simples e muito eficaz para o relaxamento. Sente-se e respire profundamente, soltando o ar bem divagar. Faça isso por 3 a 5 minutos. Você relaxa, a adrenalina abaixa e a glicemia agradece.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Aposte nas fibras


 Todo mundo já ouviu falar que consumir fibras é bom para a saúde. Em geral, porém, a primeira coisa que se pensa ao falar de fibras é a melhora do funcionamento do intestino. Mas você sabia que as fibras podem também ajudar no controle da glicemia? Tanto que as recomendações da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e da ADA (American Diabetes Association) preconizam para as pessoas com diabetes tipo 2 o consumo de 30g a 50g por dia de fibras (ou 14g a cada 1000 calorias).

Fibras são substâncias derivadas de vegetais que resistem ao processo de digestão, ou seja, não são absorvidas e chegam intactas ao intestino. Não têm nutrientes nem calorias.

E como ajudam no controle glicêmico? As fibras, em contato com os alimentos, formam um gel que retarda o esvaziamento gástrico e a absorção de glicose no intestino, reduzindo a velocidade com que o açúcar passa para o sangue.
Mas os benefícios das fibras não param por aí. Confira:
·         Como retardam o processo digestório, contribuem para o aumento da sensação de saciedade, ajudando no controle do peso.
·         Assim como fazem com o açúcar, as fibras reduzem a absorção de colesterol, principalmente o LDL-c (o chamado colesterol ruim).
·         Estudos mostram que o consumo maior de fibras está associado ao menor risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (infarto, AVC e doença vascular periférica).
·         Devido à grande capacidade de absorver água, as fibras ajudam a aumentar o volume das fezes, prevenindo e/ou tratando a constipação intestinal (intestino preso). Também ajudam nas doenças inflamatórias do intestino.
·         As fibras alimentam as colônias de bactérias benéficas que vivem no intestino. O que, entre outras coisas, pode prevenir o desenvolvimento de câncer de cólon.
Muito bem, acredito que já deu para se convencer de que é preciso aumentar o consumo de fibras na alimentação. Onde elas estão:
·         Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha
·         Oleaginosas: nozes, amêndoas, amendoim, castanhas
·         Cereais integrais: pão, arroz, aveia, cevada
·         Sementes: linhaça, chia, gergelim, girassol
·         Frutas, incluindo as cascas comestíveis e bagaços
·         Verduras e legumes: cenoura, abobrinha, brócolis, alface, couve etc.
Atingir a recomendação de pelo menos 30 gramas de fibras por dia pode não ser exatamente fácil. É preciso mudar hábitos. E, se você não tem o costume de ingerir alimentos com fibras, é bom ir devagar, para não padecer com desconfortos gástricos e intestinais. Vá introduzindo as fibras aos poucos: coma a maçã com a casca, aumente o consumo de verduras e legumes, depois frutas com bagaço, talvez pão e arroz integrais, quem sabe linhaça e chia sobre a salada e/ou no mamão matinal.
Algumas vezes pode ser necessária a suplementação de fibras para se alcançar a cota diária. Um estudo avaliou o consumo de farinha de casca por 12 semanas reduziu os níveis de glicose no sangue (Ramos SC, Fonseca FA, Kasmas SH, Moreira FT, Helfenstein T, Borges NC et al. The role of soluble fiber in take in patients under highly effective lipid-lowering therapy. Nutr J. 2011;10:80). Mas antes de sair consumindo suplementos sem orientação, converse com seu médico. Não se esqueça também de aumentar o consumo de água, para que os efeitos sejam alcançados.

Com o tempo, acredite, as mudanças vão valer a pena!


  
Para saber mais:

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

À flor da pele


 As complicações microvasculares da glicemia descontrolada já foram temas de nossas conversas por aqui (veja De olho no olho sobre retinopatia e Pane nos filtros, sobre nefropatia).
Hoje, o assunto é a neuropatia, distúrbio que acomete os nervos e pode afetar até 60% das pessoas com diabetes, especialmente os idosos. É a complicação crônica do diabetes potencialmente mais incapacitante e, em todo o mundo, causa de dois terços das amputações não traumáticas.
As fibras nervosas são como fios elétricos que transmitem informações (tato, temperatura, vibração etc.) do corpo para o cérebro e vice-versa. Para funcionar bem, precisam receber sangue – e, portanto, oxigênio e nutrientes. A hiperglicemia causa degeneração progressiva tanto das fibras nervosas quanto dos vasos sanguíneos que alimentam essas fibras. Com isso, os nervos ficam incapazes de transmitir mensagens (impulsos).
Além da glicemia constantemente elevada, podem ser fator de risco para o desenvolvimento de neuropatia o excesso de peso, hipertensão, colesterol e triglicérides elevados, sedentarismo e cigarro.
Existem basicamente dois tipos de neuropatia:
1.       Neuropatia autonômica
Atinge o sistema nervoso autonômico (ou autônomo), que controla o funcionamento de órgãos como coração, bexiga, pulmões, estômago, intestinos. Pode apresentar diversos sintomas, dependendo do órgão atingido. Os mais comuns são: taquicardia de repouso, gastroparesia (retardo no esvaziamento gástrico, que traz sensação de estômago cheio), hipotensão postural (queda repentina da pressão arterial ao levantar), tontura, diarreia e/ou constipação, hipoglicemia sem sintoma, disfunções na transpiração, bexiga neurogênica e disfunção erétil.

2.       Neuropatia periférica
Atinge as fibras nervosas localizadas nas extremidades do corpo, como mãos e pés, que são irrigados por capilares sanguíneos muito finos que padecem com a glicemia elevada. Os sintomas, nem sempre presentes, incluem: queimação, parestesia (formigamento), câimbras, dormência, “pontada”, dor a um estímulo indolor (alodínea) ou de pouca intensidade (hiperalgesia). Aparecem principalmente nas pernas/pés e pioram durante a noite, atrapalhando o sono. A neuropatia periférica evolui para a perda de sensibilidade, que leva ao risco de amputações.

Como todas as complicações do diabetes descontrolado, a neuropatia também pode ser prevenida. Os grandes estudos sobre o assunto (DCCT - Diabetes Control and Complications Trial, 1995, e UKPDS - United Kingdom Prospective Diabetes Study,1998) mostram que controlar a glicemia garante pelo menos 40% de redução no risco da doença. E 60% da progressão da neuropatia já instalada. 
Nesse caso, além do controle da glicemia, os tratamentos hoje existentes podem reduzir a gravidade da doença, embora não consigam a recuperação total das fibras nervosas lesionadas
A atividade física regular é uma das principais estratégias para prevenção e retardamento do desenvolvimento da neuropatia, porque aumenta a oxigenação dos tecidos periféricos e melhora a modulação do sistema nervoso autonômico. Mas não é só: é também uma estratégia terapêutica para a doença já instalada, ajudando, por exemplo, a reduzir significativamente os sintomas da neuropatia, como a chamada dor neuropática. Estudos mostram inclusive a regeneração de fibras nervosas em indivíduos com diabetes tipo 2 participantes de um programa de exercícios. Vale ainda controlar o peso, as gorduras sanguíneas, a pressão arterial, parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas. Basicamente, o de sempre!
Para completar, a cereja do bolo: verifique regularmente como anda a sua sensibilidade. Se possível, já no diagnóstico: estudos mostram que 7,5% dos novos casos de diabetes tipo 2 apresentam neuropatia. Os profissionais de saúde (principalmente médicos e enfermeiros) têm instrumentos para avaliar a sensibilidade periférica. Desde exame clínico e avaliação completa do pé (com testes de monofilamento e diapasão, por exemplo), até estudo da condução nervosa, eletroneuromiografia e ultra-sonografia. Converse com seu médico e equipe de saúde.
Além disso, preste atenção a sinais e sintomas não usuais. Taquicardia, tontura, impotência, incontinência urinária, dores e desconforto nos pés e nas mãos. Informe seu médico, pergunte se tem relação com o diabetes. A neuropatia pode ser silenciosa e progredir lentamente sem ser detectada. Se detectada, pode ser tratada. O diagnóstico precoce garante saúde e qualidade de vida.
Ah, e não deixe de observar seus pés. Mas isso é assunto para outra conversa.

Covid, diabetes e sedentarismo

A pandemia de covid-19 e o isolamento social dela decorrente estão fazendo mal para as pessoas com diabetes. E nada a ver com o fato de o ...