segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Glicosímetros em xeque

Já falei aqui sobre a importância da monitorização da glicemia como ferramenta de autoconhecimento e, portanto, do autocuidado (leia Sem bola de cristal)
Semana passada, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução RE 3161 com a lista dos glicosímetros (aparelhos para medição de glicemia) que não estão de acordo com os requisitos técnicos estabelecidos pela Instrução Normativa número 24 (publicada em maio último). Ou seja, os aparelhos da lista não são precisos e devem ser retirados do mercado imediatamente (você pode conferir a lista no final do post).
A ação da ANVISA é resultado do trabalho da ADJ-Diabetes Brasil, em parceria com a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), para mudar uma situação que traz risco potencial para as pessoas com diabetes em todo o país.
Agora, é hora de exigir que a ANVISA de fato suspenda a comercialização desses produtos, sem exceção, inclusive deixando-os fora dos processos de licitação em todos os níveis (federal, estadual e municipal).
Cabe a cada um conferir se o glicosímetro que usa (comprou ou foi fornecido pelo setor público) está na lista, brigar para conseguir um aparelho melhor e, enquanto isso, ficar atento com as medições feitas (se possível, fazer uma dupla checagem em caso de resultados extremos).
O que NÃO PODE ser feito? É usar a lista como desculpa para não fazer a monitorização.
Sim, dá preguiça. A tira é cara. O dedo dói. E muitas vezes você não sabe o que fazer com aquele número, que parece só servir para trazer ansiedade. Mas veja bem: estudos mostram que o controle glicêmico é melhor nas pessoas que fazem mais testes, mesmo no diabetes tipo 2. Mesmo no DM2 que não toma insulina. Mesmo quando você não consegue tomar uma ação imediata para corrigir o que está errado.
Monitorar a glicemia com frequência, como eu disse acima, traz autoconhecimento. Você começa a perceber o que faz a glicemia subir, qual a atividade física mais adequada para você, se a medicação está funcionando etc. Informações preciosas para administrar o tratamento do diabetes e obter sucesso.
Não monitorar a glicemia é como fingir que o diabetes não existe, é ignorar os riscos, é empurrar o problema com a barriga.
Se você ainda não aderiu à monitoração como PARTE FUNDAMENTAL do seu tratamento, é hora de mudar. Procure saber se você tem direito a receber aparelho e tiras de monitorização pelo estado ou município. Se não, faça as contas e veja quantas tiras você consegue comprar por mês. Com essas informações, procure seu médico e/ou equipe de saúde e monte um plano de monitorização.
Em pouco tempo, você vai perceber que o glicosímetros não é um inimigo e que os números que aparecem não são para dar susto ou medo. São como uma bússola, que mostra o que pode ser corrigido para se atingir o caminho do autocuidado.


·         FreeStyle Lite Blood Glucose Test Strips / FreeStyle Lite Tiras-Teste para glicose no sangue 
·         Contour TS (Medidor de Glicose Sanguínea) Bayer
·         Contour TS Tira de Teste para Glicose Sanguínea Bayer
·         Sistema OneTouch Ultra Mini
·         Sistema de Medição de Glicose no Sangue OneTouch Select Simple
·         Tira reagente OneTouch Ultra
·         Tiras Reagentes OneTouch Select 
·         Monitor de Glicemia Accu-Chek (fotômetro)
·         AccuTrend Plus
·         AccuTrend Glicose
·         Fácil True Read Sistema de Monitoramento da Glicemia 
·         Família de Tiras de Glicose: Fácil True Read / Side Kick Tiras Reagentes para Glicose
·         Medidor de Glicose Injex Sens N
·         Injex Sens N Tiras de Teste de Glicose no Sangue 
·         Tira de Teste de Glicemia True Read
·         Medidor de Glicemia Fácil True Read
·         Família Medidor de Glicose TensorTip


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Dia Mundial

14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes. Por que essa data? Porque é o dia do nascimento de Sir Frederick Banting, cientista que, juntamente com Charles Best, descobriu a insulina em 1922. O Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1992 pela IDF (International Diabetes Foundation) e Organização Mundial da Saúde e aprovado em 2006 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. É comemorado em 160 países, envolvendo 1 bilhão de pessoas ao redor do planeta.
A campanha do Dia Mundial tem como símbolo o círculo azul, significando a união global em resposta à epidemia de diabetes. Azul porque é a cor do céu, que une todas as nações.
O tema da campanha em 2018 é Diabetes e Família, com diversos objetivos:
* aumentar a conscientização sobre o impacto do diabetes na família e na rede de apoio das pessoas afetadas
* promover o papel da família na gestão, no cuidado, na prevenção e na educação do diabetes
* promover as ações pelo aprimoramento do diagnóstico e tratamento do diabetes em todo o mundo e pelos direito das pessoas com diabetes
* conscientizar sobre a importância dese adotar ações coodenadas e combinadas para enfrentar o diabetes como um problema crítico de saúde global.
Não há o que comemorar no Dia Mundial do Diabetes. O que vale é aproveitar a empolgação da data e alertar sobre o impacto no diabetes no mundo. Mobilizar mais pessoas para a luta por políticas públicas que favoreçam mais saúde e melhor qualidade de vida para as pessoas com diabetes, o que inclui a educação de indivíduos, famílias e profissionais de saúde sobre a adoção do tratamento adequado e de qualidade.
Acima de tudo, o Dia Mundial precisa servir para mostrar ás pessoas com diabetes que elas não estão sozinhas. Que elas não são culpadas por ter diabetes. Que não precisam se esconder, ter vergonha. Que necessitam DE VERDADE do apoio da família (e não apenas de um doce diet na festa de Natal....). Que podem, sim, ter uma vida saudável mesmo com diabetes.

O vídeo abaixo é sobre DM1, mas vale para todos com diabetes. Fala sobre as dificuldades do dia a dia de quem tem de diabetes, da importância de assumir a condição, de sair do armário, de praticar o autocuidado. Assistam, compartilhem. E vamos à luta!


terça-feira, 6 de novembro de 2018

Insulina sem mistérios

Já falamos aqui sobre o uso de insulina no diabetes tipo 2 (leia Insulina sem estigma - Parte 1 e Parte 2). Para quem já superou o medo e o preconceito e se dispõe a encarar a insulinização, aqui vão algumas informações para você  não ficar perdido em meio a tantos nomes, tipos e funções das insulinas existentes no mercado.

TIPOS
Até início dos anos 1980, as insulinas usadas para tratamento do diabetes eram extraídas do pâncreas de animais (bois e porcos). Em 1982, surge a insulina humana – que, ao contrário do que o nome pode sugerir, é produzida em laboratório. Trata-se de um medicamento biológico, ou seja, desenvolvido a partir de organismos vivos, como bactérias e vírus. Na verdade, a insulina humana foi o primeiro medicamento do planeta a usar a tecnologia do DNA recombinante, por meio de uma cultura de bactérias.
As insulinas humanas disponíveis hoje no mercado são a NPH e a Regular. Além delas, existem as chamadas insulinas análogas, produtos nos quais a estrutura dos componentes (aminoácidos) é modificada de forma a alterar o tempo de ação.

APRESENTAÇÃO
As insulinas podem vir em frascos (10 ml, para uso em seringas), canetas descartáveis (3 ml) ou refis (3 ml, para uso em canetas de aplicação). Outra forma de administração é o Sistema de Infusão Contínua (a “bomba de insulina”).
A insulina deve ser injetada diretamente no tecido subcutâneo (entre a pele e o músculo). Não pode ser “tomada” em pílulas ou cápsulas, pois seria destruída pelos sucos digestivos presentes no estômago.

TEMPO DE AÇÃO
O pâncreas produz insulina constantemente, em níveis baixos, para manter a liberação contínua de glicose para as células. Esse mecanismo é chamado de basal. Quando a pessoa se alimenta, há maior necessidade de insulina e o pâncreas então libera uma quantidade maior do hormônio. Esse é o mecanismo de bolus.
As insulinas disponíveis no mercado se diferenciam pelo seu tempo de ação. Essa distinção existe para simular o que ocorre com o organismo humano. As insulinas de ação intermediária e lenta imitam o fornecimento basal natural do organismo. Já as de ação rápida ou ultrarrápida proporcionam resultado semelhante ao sistema de bolus, necessário depois das refeições.
As insulinas:


Algumas pessoas utilizam como sistema terapêutico a insulinização plena (também chamado de sistema basal-bolus), com múltiplas doses diárias de dois tipos de insulina. É o caso de todos os indivíduos com diabetes tipo 1. Mas também pode ser o necessário no DM2, quando a secreção de insulina endógena está em níveis muito baixos.
O mais comum no diabetes tipo 2, porém, é o uso de injeções de insulina apenas na função basal, integrando-se o tratamento com medicação oral.

Dúvidas?
Diante de tantas marcas e “modelos”, fica a dúvida: qual a melhor insulina? A resposta é categórica: DEPENDE! Sim, a melhor insulina é aquela que funciona melhor para você. É possível ter bom controle mesmo usando a “velha” insulina NPH. Por outro lado, os produtos de última geração sozinhos não garantem a glicemia dos sonhos.
EM TEMPO: pacientes e profissionais de saúde têm o direito -- e o dever -- de lutar pelo melhor tratamento, sempre. Mas isso não significa necessariamente o tratamento de última geração.
Converse com seu médico. Juntos, vocês podem avaliar qual o produto que melhor se adapta a seu perfil, levando em conta como anda o controle glicêmico, a sua rotina e, claro, os custos (ou as condições para obter o medicamento).
Vale destacar, porém, que depois de iniciada a insulinização, de nada adianta ficar com a mesma prescrição por anos a fio. As doses precisam ser constantemente avaliadas e, se necessário, atualizadas. Como? Com a ajuda da monitorização da glicemia, a melhor ferramenta disponível para saber como anda o controle e o tratamento em vigor. Não está funcionando? Depois do almoço a glicemia sobe? À noite vem hipoglicemia? Volte ao médico com as informações para rever o esquema de insulinização.

Ou seja: parafraseando um político das antigas, o preço do bom controle glicêmico é a eterna vigilância. Sempre.

Covid, diabetes e sedentarismo

A pandemia de covid-19 e o isolamento social dela decorrente estão fazendo mal para as pessoas com diabetes. E nada a ver com o fato de o ...