quarta-feira, 22 de julho de 2020

Covid, diabetes e sedentarismo

A pandemia de covid-19 e o isolamento social dela decorrente estão fazendo mal para as pessoas com diabetes. E nada a ver com o fato de o diabetes ser uma comorbidade importante para o desenvolvimento de complicações para quem é infectado pelo coronavírus.
Segundo pesquisa divulgada no último dia 03 de julho, por causa da pandemia as pessoas com diabetes estão mais sedentárias, têm ficado longe de sua equipe de saúde e o controle do diabetes piorou (a glicemia está mais alta ou com maior variabilidade).
A pesquisa, intitulada O Impacto da covid-19 nas pessoas com diabetes no Brasil, foi conduzida por um grupo de instituições nacionais e internacionais. Foram entrevistados 1701 adultos (entre 18 e 50 anos) com diabetes (tipos 1, 2 e outros). O objetivo foi identificar as principais dificuldades enfrentadas durante a pandemia.
Quero focar, aqui, na inatividade física, certamente um dos motivos para a dificuldade em controlar a glicemia nesse período dentro de casa. Nada menos do que 58,5% dos entrevistados disseram ter reduzido a atividade física durante a quarentena. Mais: 48,9% aumentaram o tempo assistindo à TV
e 53,5% passaram a usar a internet por mais tempo. Isso não significa que o restante diminuiu o tempo de TV ou internet. A pesquisa mostra que 
87,4% dos indivíduos mantiveram ou aumentaram seu tempo assistindo TV e 90,7% mantiveram ou aumentaram seu tempo na internet.
No início da pandemia, nós profissionais de Educação Física ficamos animados, pois parecia que o fato de estar em casa e com mais tempo disponível (teoricamente) estava fazendo com que as pessoas descobrisse o exercício físico. Mas a quarentena se estendeu e o ânimo das pessoas também, como mostra a pesquisa.
O problema não é privilégio de quem tem diabetes. Outros estudos pelo mundo constatam que o isolamento está ampliando o sedentarismo, que antes da covid-19 já se configurava como uma pandemia (Leia A epidemia do sofá).  
O que fazer, então, para que o sedentarismo não se agrave ou, pior, vire um fator de risco adicional em caso de infecção pelo coronavírus, aumentando o risco de severidade da doença?
O ideal seria ter o acompanhamento de um educador físico/personal trainer, mesmo à distância. O treino individualizado é sem dúvida a melhor solução. Não dá? Muitos profissionais estão disponibilizando treinos, diários ou algumas vezes na semana. A vantagem é que você pode escolher entre diversas modalidades. Que tal experimentar dança, yoga, treinamento funcional? Tem de tudo! E daí você pode descobrir algo com que você se identifica.
Já tentou? Não funcionou?
Bem, então vamos ao básico. Se você tem disposição de mudar, pegue um caderninho ou uma folha de papel. Anote, durante um dia ou dois ou três tudo o que você faz. Depois, volte ao que você anotou e tente encontrar, entre as suas atividades diárias, alguns minutos (podem ser poucos mesmo) nos quais você pode inserir algum movimento.
Alguns exemplos. Logo ao acordar (e de preferência antes de olhar aquelas centenas de mensagens no celular), alongue-se. Ou melhor: se espreguice. Não precisa fazer movimentos/exercícios específicos: apenas siga o que o seu corpo “pedir”. Bastam 5 minutinhos antes de começar o dia.
Passa o dia trabalhando na frente do computador? Programe-se para fazer algumas pausas. Vale ir até a cozinha preparar um café, passear pela casa ou pelo corredor do prédio, subir e descer um andar.... Outros 5 minutinhos. Mesmo sem se afastar da mesa de trabalho, dá para se mexer: sentar e levantar da cadeira, 5 ou 10 vezes, é um ótimo exercício para as pernas. Quando terminar a jornada, caminhe mais um pouco. Ou, simplesmente, coloque uma música e dance!!
Que tal? 10, 15, 20 minutos de movimento por dia podem fazer muita diferença. Acredite, vale a pena tentar e conferir.

Para saber mais:
Barone, MTU et al., The impact of COVID-19 on people with diabetes in Brazil. Diabetes Research and Clinical PracticeVolume 166, August 2020. Acesse em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168822720305568

Covid, diabetes e sedentarismo

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