sexta-feira, 1 de junho de 2018

Na luta pela mudança de rotulagem


Consultar rótulos é uma atitude a favor do autocuidado. Saber o que contém o alimento que se vai consumir é o que determina as escolhas alimentares. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) entende que rótulos compreensíveis podem ser uma ferramenta útil para orientar as pessoas em suas escolhas alimentares e ajudá-las a decidir por opções mais saudáveis.
Mas os rótulos hoje disponíveis não ajudam. Em pesquisa realizada pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) no ano de 2016, mais de 70% dos participantes disseram ter dificuldade para compreender os rótulos dos produtos. Não é para menos: além da letra miúda, as informações nem sempre são claras e por vezes parecem pouco confiáveis.
Por conta disso e por saber como a alimentação inadequada tem sido um fator determinante para o aumento de diversas doenças – como obesidade, diabetes, hipertensão –, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está empenhada na mudança da rotulagem dos alimentos industrializados. Os objetivos: facilitar a compreensão das principais propriedades nutricionais e reduzir as situações que geram engano quanto à composição dos produtos, além de estimular a indústria a tornar seus produtos mais saudáveis.
No último dia 25 de maio, a entidade aprovou relatório preliminar da Análise de Impacto Regulatório sobre mudanças nas regras para a rotulagem. Do grupo de trabalho, participaram representantes do setor produtivo, governo, sociedade civil e universidades, além da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) e OMS.
A principal mudança em vista é a adoção de uma rotulagem nutricional frontal obrigatória, em complementação à tabela nutricional, que informe o alto teor de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio, “de forma simples, ostensiva, compreensível”.  Ou seja, seriam selos de advertência para comunicar aos consumidores os riscos potenciais daquele alimento. Mais de 40 países já possuem algum modelo de rotulagem frontal implementado. Entre eles Chile, Peru, Israel, Uruguai, Canadá.
A proposta encabeçada pelo IDEC é um modelo de rotulagem nutricional frontal que utiliza triângulos de cor preta em fundo branco, para informar além do alto conteúdo de açúcares, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio, também a presença de gorduras trans e edulcorantes (adoçantes). Mas existem outros modelos em avaliação pela ANVISA (veja abaixo):


O modelo de perfil nutricional que deve ser utilizado na rotulagem nutricional frontal deve seguir a seguinte classificação (em 100g ou 100ml de alimento):
- alto teor de açúcares adicionados: 10g para sólidos e 5g para líquidos
- gorduras saturadas:  4g para sólidos e 2g para líquidos
- sódio: 400mg para sólidos e 200mg para líquidos.

O IDEC e a UFPR (Universidade Federal do Paraná) propõem a seguinte classificação:

                                          VET: Valor Energético Total (diário)

O relatório também prevê mudanças na tabela nutricional e nas chamadas alegações nutricionais, que são aquelas informações que o fabricante coloca para promover o produto.
Agora, com o relatório preliminar aprovado, o estudo para proposição de novas regras para a rotulagem de alimentos segue para  etapas de participação social: até 9 de julho, será realizada a Tomada Pública de Subsídio (TPS), mecanismo de consulta aberta à sociedade que tem o objetivo de coletar dados e críticas fundamentadas sobre a análise no relatório/estudo realizado; e pesquisas com a população sobre os modelos selecionados como possibilidades para a solução de problemas referentes à rotulagem. Depois disso, haverá uma consulta pública proposta de regulamento. Mais uma oportunidade para participação social.

Quer participar? Assine a petição disponibilizada pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável em WWW.direitodesaber.org.

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