segunda-feira, 25 de junho de 2018

Sem bola de cristal - parte 2


No último post, falamos sobre a importância da automonitorização da glicemia para o bom controle do diabetes. Testes diários e programados permitem saber qual a resposta glicêmica do organismo às mais diversas situações do cotidiano.
A monitorização é feita por meio do teste de glicemia capilar, que recebe este nome porque usa o sangue dos capilares sanguíneos, vasos muito finos que existem nas extremidades do corpo, como a ponta dos dedos. O sangue coletado é testado em um aparelho chamado glicosímetro ou monitor de glicemia. Existem várias marcas no mercado. A primeira coisa a fazer se você está começando agora na aventura da automonitorização é LER O MANUAL DO APARELHO. Nada melhor para saber como aquele objeto funciona.
No geral, porém, o esquema para fazer o teste é simples e segue os seguintes passos:

Higienização – lave as mãos antes do teste. Com água e sabão/sabonete. Se não for possível, pode usar álcool. O ideal é usar aqueles sachês com pequenos lenços embebidos em álcool (álcool swabs). O álcool em gel nem sempre é indicado, porque em geral contém algum tipo de hidratante na composição, o que pode interferir no resultado do teste. Lavando ou usando álcool, espere que os dedos estejam bem secos antes de fazer a punção.

Preparação do lancetador – Insira uma lanceta nova no lancetador. Sim, tem de trocar a lanceta TODAS AS VEZES. Vai doer menos e preservar o tecido dos dedos. Ajuste a intensidade do lancetador. O furo pode ser mais superficial ou mais profundo, dependendo da sensibilidade individual. Use a menor intensidade possível para conseguir uma gota de sangue. Arme o lancetador (veja como no Manual).

Preparação do glicosímetro – Confira, no Manual, se o glicosímetro que você está usando precisa de calibração. Alguns têm um chip a ser inserido específico para cada caixa de tiras. Outros pedem que seja registrado um número referente ao lote de tiras. Outros ainda não precisam de calibração. Verifique se as tiras-teste estão dentro da data de validade. NÃO USE TIRAS VENCIDAS. Retire apenas uma tira da embalagem e insira no glicosímetro (veja como no Manual).

Punção – Embora o teste de glicemia capilar seja conhecido informalmente como “ponta de dedo”, este é um apelido incorreto. Na verdade, o furinho deve ser feito na lateral do dedo. É menos dolorido e permite que se tenha mais locais para fazer o rodízio das punções. Coloque o lancetador na lateral do dedo e acione. Não fique com medo: dói menos do que parece. Se o sangue não sair imediatamente, evite ficar “ordenhando” o dedo. Aperte delicadamente. Caso o sangue não saia, repita o processo.
 Teste – Coloque a gota de sangue na área reagente da tira-teste (veja como no Manual). Aguarde o resultado. Esse tempo depende de cada aparelho.
Descarte – Tiras e lancetas não podem ser descartadas no lixo comum. Existem embalagens hospitalares específicas para esse fim (o nome técnico é coletor de material perfurocortante). Mas você pode utilizar uma embalagem rígida, com tampa rosqueada e ampla (embalagens de amaciante são bem indicadas).
E o que fazer com o resultado? Atualmente, não é mandatório anotar o resultado dos testes. Os glicosímetros têm memória e os dados podem ser baixados para o seu computador e/ou o do médico. Mas, embora pareça anacrônico, o diário ou “caderninho” de glicemia pode sim ser bem útil. Porque permite de certa forma “materializar” os resultados, tornar visual o que anda errado.
Por exemplo, veja o diário abaixo:
  

 Só de bater o olho já dá para perceber que o problema no controle está na hora do almoço. Daí, o que fazer? Checar a alimentação, incluir atividade física pela manhã, conversar com o médico para fazer alterações na medicação. E por aí vai. Sem contar que no diário é possível anotar as excepcionalidades, como “festa”, “dormi mal”, “almocei tarde”, “gripe”, “aniversário no escritório”, “dia estressante”, “pizza” etc.
Em qualquer hipótese, papel ou download, o importante é mostrar os resultados para o médico e/ou equipe de tratamento. São esses os dados que vão revelar se o tratamento está indo bem, se alguma coisa pode melhorar e onde pode melhorar.
A partir da automonitorização, avalie o que você fez ou deixou de fazer. No dia em que a glicemia subiu e também quando tudo deu certo. Use os dados dos testes como ferramenta de autoconhecimento.

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