Em 2025, estima-se que 2,3 bilhões de pessoas no planeta
estarão acima do peso. Os obesos somarão 700 milhões. No Brasil, segundo dados
da pesquisa Vigitel de 2018, a obesidade atinge 41 milhões de pessoas – quase
20% da população.
Neste 11 de outubro, Dia Mundial da Obesidade, mais uma vez
entidades nacionais e internacionais se unem para alertar sobre os perigos
desta que é uma das maiores doenças dos tempos atuais – se não a maior. A SBEM
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) encabeça a campanha no
Brasil, que tem como objetivo “estimular e apoiar ações práticas que ajudarão
as pessoas a alcançar e manter um peso saudável e reverter a crise global da
obesidade”.
Já escrevi aqui sobre a relação entre obesidade e diabetes
tipo 2 (leia Cinturinha de pilão?) e sobre o estigma que ronda as duas condições
(leia Respeito é bom). Mas entra ano, sai ano e o problema persiste. Ou piora. Desde
1975, o número de obesos no mundo quase triplicou. No Brasil, o aumento foi de
60% nos últimos 12 anos.
Daí a importância de datas e ações como as que vão acontecer
esta semana para conscientizar as pessoas. Nunca é demais lembrar que obesidade
é uma doença crônica que, segundo a Organização Mundial de Saúde, está
associada a outras 195 complicações – doenças cardiovasculares (pressão alta, dislipidemia,
insuficiência cardíaca e embolia pulmonar), asma, esteatose hepática (gordura
no fígado), apneia do sono e até alguns tipos de câncer, além do diabetes, é
claro. Sem contar que pode diminuir a expectativa de vida em até 10 anos.
Como uma doença crônica, a obesidade requer tratamento
adequado e contínuo. O pilar desse tratamento é a mudança de estilo de vida,
com a prática regular de atividade física e a adoção de um plano alimentar
saudável (maior consumo de frutas, verduras e legumes; restrição aos alimentos
ultraprocessados e às bebidas açucaradas, maior consumo de água). Mas também
pode se fazer necessário o uso de medicamentos, cirurgias e/ou acompanhamento
psicoterápico.
Não é fácil tratar a obesidade. É uma condição complexa, influenciada
por fatores genéticos, fisiológicos, metabólicos, sociais, ambientais e
psicológicos. E cercada de tantos mitos e preconceitos.
Por isso, neste Dia Mundial da Obesidade, tomo a liberdade
de reproduzir aqui o Manifesto da campanha da SBEM. Leiam abaixo:
Tratar a obesidade com
respeito implica disseminar informações sobre o assunto de maneira responsável,
checando suas referências. É deixar o sensacionalismo de lado ao abordar o
tema. É não dar destaque a dietas milagrosas que colocam em risco a saúde e a
vida das pessoas. Tratar a obesidade com respeito é respeitar o paciente com
obesidade. Respeitar a sua condição, é não reforçar a ideia errada de que a
obesidade é culpa de quem tem.
Tratar a obesidade com
respeito é reconhecer que ela é uma doença crônica multifatorial.
Tratar a obesidade com
respeito é investir na criação de políticas públicas de prevenção e tratamento,
investir em protocolos e diretrizes junto às sociedades do setor para atender
da melhor maneira o paciente com obesidade, tanto no âmbito público quanto no privado.
É investir no acesso ao tratamento multidisciplinar.
Tratar a obesidade com
respeito é integrar o tema aos currículos das escolas de medicina e de outras
profissões ligadas ao atendimento do paciente com obesidade. É investir em
atualização contínua desses profissionais. Tratar a obesidade com respeito é
respeitar a ciência e suas descobertas, e apoiar estudos na área. É reconhecer
a necessidade do acesso ao tratamento completo, que pode, sim, incluir
medicamentos, como em qualquer doença crônica. É considerar a cirurgia
bariátrica como parte do tratamento, quando necessário.
Saiba mais:
ABESO: www.abeso.org.br
World Obesity Federation: www.worldobesity.org
Campanha Saúde Não se Pesa: https://www.saudenaosepesa.com.br