29 de setembro é o Dia Mundial do Coração. Criada em 2000
pela WHF (World Heart Federation) para alertar e conscientizar a população do
planeta sobre a importância de manter uma boa saúde cardiovascular, não é exatamente
uma data para comemorar
Segundo a Organização Mundial da Saúde, as doenças
cardiovasculares vitimam 17 milhões de pessoas do planeta todos os anos. No
Brasil, são a causa de 30% das mortes – em 2017, foram mais de 380 mil, uma a
cada 90 SEGUNDOS. Este ano, até o momento do fechamento deste texto, foram 293
mil mortes, segundo o Cardiômetro, da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(acompanhe em www.cardiometro.com.br).
No Dia Mundial do Coração não vou falar de diabetes – embora
a glicemia descontrolada seja aumente as chances de problemas cardíacos. Quero conversar
sobre outro grande inimigo do coração, o mais importante fator de risco para o
desenvolvimento das doenças cardiovasculares: a hipertensão. Que, não por
acaso, caminha de mãos dada com o diabetes: pesquisas mostram que perto de 85%
das pessoas com DM2 também têm hipertensão, mais de 40% delas já quando abrem o
diagnóstico de diabetes.
Cerca de 30% da população mundial é hipertensa – no Brasil,
são 36 milhões de pessoas, 32,5% dos adultos e 60% dos idosos. Não controlada,
a chamada doença hipertensiva isoladamente é a causa 13,8% das mortes por
eventos cardiovasculares, além de responder por 54% de todos os casos de AVC (“derrame”)
e 47% dos casos de infarto, fatais e não fatais, em todo o mundo.
Controlar a hipertensão é possível, mas as estatísticas são
funestas: só 40% dos hipertensos fazem tratamento e apenas pouco mais de 10%
conseguem ter a pressão sob controle. O motivo? A hipertensão é um mal silencioso, quase nunca apresenta
sintomas. Às vezes, especialmente em níveis pressóricos mais elevados, podem
surgir tontura, falta de ar, palpitações, dor de cabeça frequente e alteração
na visão.
Mas afinal o que é a hipertensão? A pressão arterial é a força
causada pela contração do coração e das paredes das artérias para impulsionar o
sangue por todo o corpo. A pressão de até 120 x 80 mmHg (o famoso 12 por 8) é
aquela que na qual o organismo foi programado para trabalhar. Se, porém, a
pressão fica continuamente aumentada, órgãos como coração, cérebro, rins, olhos
e as próprias artérias sofrem maior desgaste e surgem as doenças.
Obesidade, histórico familiar, estresse e envelhecimento estão
associados ao desenvolvimento da hipertensão. O excesso de peso pode acelerar
até 10 anos o aparecimento da doença. O consumo de sal além da conta também
colabora para o surgimento da hipertensão. Isso porque o sódio contido no sal
provoca edema (inchaço) das paredes das artérias, reduzindo o espaço para a
circulação do sangue. Além disso, inibe a produção de óxido nítrico, substância
que promove dilatação e relaxamento da parede das artérias. Com menor
quantidade de óxido nítrico, mais as artérias ficam contraídas e rígidas.
Você não sabe se tem pressão alta? Bem, se você tem parentes
hipertensos, está acima do peso, tem mais de 40 anos de idade, tem diabetes,
colesterol elevado, fuma, tem rotina estressante (quem não??), deve medir a
pressão regularmente. Veja a tabela abaixo:
Se você já tem o diagnóstico de hipertensão, deve fazer
controle periódico e seguir as orientações médicas. A maioria dos hipertensos,
mesmo com hábitos saudáveis, precisa utilizar algum medicamento para
controlar a pressão. O importante é que o tratamento seja feito de forma
contínua, sem interrupções. Não vale parar o medicamento porque “a pressão está
normal”. Também é importante realizar consultas médicas periódicas, pois podem
ser necessários ajustes na medicação.
Vale também seguir os 10 mandamentos para prevenção e
controle da pressão alta, preconizados pela Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
Para saber mais:
Eu sou 12por8 - Campanha da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Posts anteriores sobre risco cardiovascular:
E o coração padece
O coração padece - parte 2 (gordura no lugar errado)
Fonte:
7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2016 - Sociedade Brasileira de Cardiologia.