quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Respeito é bom

11 de outubro é o Dia Mundial da Obesidade. Claro que não é um dia de comemoração. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o excesso de peso atinge 39% da população adulta do planeta, algo perto de 2 bilhões de pessoas. Se ficarmos apenas na obesidade, são 650 milhões de pessoas (13% dos adultos).
Nos países em desenvolvimento, 62% das pessoas estão com sobrepeso e obesidade. No Brasil, ultrapassam 50% da população – cerca de 75 milhões de pessoas, das quais 27 milhões são obesas (17%, um em cada seis indivíduos).
Nem é preciso lembrar que a obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O sobrepeso aumenta a possibilidade de desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, artrose, artrite, pedra na vesícula, apneia, refluxo esofágico, tumores de intestino, para citar alguns. E, claro, diabetes (leia Cinturinha de pilão?). Segundo a entidade científica The Obesity Society, em todo o mundo quase 90% das pessoas com diabetes tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade.
Mas o que chama a atenção na campanha do Dia Mundial da Obesidade de 2018 é o tema: estigma (End Weight Stigma). De acordo com o site da World Obesity Federation, a proposta é conscientizar sobre a “prevalência, severidade e diversidade do estigma contra o excesso de peso”.  Seguindo na mesma linha, no Brasil a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e a ABESO (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) adotaram o tema Obesidade: eu trato com respeito. Diz a campanha: “Tratar a obesidade com respeito é respeitar o paciente com obesidade. Respeitar a sua condição. É não reforçar a ideia errada de que a obesidade é culpa de quem tem”.
Essa é exatamente a origem do estigma que ronda o diabetes tipo 2 (leia Estigma). Na cabeça de muitos, quem tem DM2 tem sobrepeso e, portanto, é preguiçoso, descomprometido, “sem vergonha”. Esquecendo que diabetes e obesidade são doenças crônicas, complexas e multifatoriais, que vão além das escolhas individuais.
Enfrentar o preconceito já não é fácil, mas pior ainda são as barreiras que surgem como resultado do estigma, o que pode impedir pessoas com diabetes e/ou obesidade de receber o tratamento médico de que precisam. E merecem.
Para a World Obesity Federation, a mídia é um dos principais responsáveis pela disseminação do preconceito. “Os atuais retratos da mídia sobre a obesidade reforçam estereótipos imprecisos e negativos sobre o peso. Pedimos a todos os meios de comunicação que acabem com o uso de linguagem e imagens estigmatizantes e, em vez disso, retratem a obesidade de maneira justa, precisa e informativa”.
Vale lembrar que o estigma/preconceito está em todos nós. É preciso mudar linguagem, atitudes e comportamentos. É preciso aumentar a conscientização sobre as causas e os riscos do excesso de peso. Também entre os profissionais de saúde (médicos incluídos, sem dúvida), que devem aprimorar o atendimento e apoio ao paciente com obesidade e/ou diabetes durante todo o tratamento, visando maior eficácia. Sem medo, sem vergonha, sem preconceito.
Parabéns às entidades internacionais e à SBEM e ABESO pela iniciativa de atacar o problema não apenas com pesquisas e protocolos médicos. É assim que as coisas começam a mudar.

Saiba mais:
SBEM: www.endocrino.org.br/
ABESO: www.abeso.org.br
World Obesity Federation: www.worldobesity.org/

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