As complicações microvasculares
da glicemia descontrolada já foram temas de nossas conversas por aqui (veja De olho no olho sobre retinopatia e Pane nos filtros, sobre nefropatia).
Hoje, o assunto é a neuropatia, distúrbio que acomete os
nervos e pode afetar até 60% das pessoas com diabetes, especialmente os idosos.
É a complicação crônica do diabetes potencialmente mais incapacitante e, em
todo o mundo, causa de dois terços das amputações não traumáticas.

Além da glicemia constantemente elevada, podem ser fator de
risco para o desenvolvimento de neuropatia o excesso de peso, hipertensão, colesterol
e triglicérides elevados, sedentarismo e cigarro.
Existem basicamente dois tipos de neuropatia:
1. Neuropatia autonômica
Atinge o sistema nervoso autonômico (ou autônomo), que controla o funcionamento de órgãos como coração, bexiga, pulmões, estômago, intestinos. Pode apresentar diversos sintomas, dependendo do órgão atingido. Os mais comuns são: taquicardia de repouso, gastroparesia (retardo no esvaziamento gástrico, que traz sensação de estômago cheio), hipotensão postural (queda repentina da pressão arterial ao levantar), tontura, diarreia e/ou constipação, hipoglicemia sem sintoma, disfunções na transpiração, bexiga neurogênica e disfunção erétil.
Existem basicamente dois tipos de neuropatia:
1. Neuropatia autonômica
Atinge o sistema nervoso autonômico (ou autônomo), que controla o funcionamento de órgãos como coração, bexiga, pulmões, estômago, intestinos. Pode apresentar diversos sintomas, dependendo do órgão atingido. Os mais comuns são: taquicardia de repouso, gastroparesia (retardo no esvaziamento gástrico, que traz sensação de estômago cheio), hipotensão postural (queda repentina da pressão arterial ao levantar), tontura, diarreia e/ou constipação, hipoglicemia sem sintoma, disfunções na transpiração, bexiga neurogênica e disfunção erétil.
2.
Neuropatia periférica
Atinge as fibras nervosas localizadas nas extremidades do corpo,
como mãos e pés, que são irrigados por capilares sanguíneos muito finos que
padecem com a glicemia elevada. Os sintomas, nem sempre presentes, incluem:
queimação, parestesia (formigamento), câimbras, dormência, “pontada”, dor a um
estímulo indolor (alodínea) ou de pouca intensidade (hiperalgesia). Aparecem
principalmente nas pernas/pés e pioram durante a noite, atrapalhando o sono. A
neuropatia periférica evolui para a perda de sensibilidade, que leva ao risco
de amputações.
Como todas as complicações do diabetes descontrolado, a neuropatia
também pode ser prevenida. Os grandes estudos sobre o assunto (DCCT - Diabetes
Control and Complications Trial, 1995, e UKPDS - United Kingdom Prospective Diabetes Study,1998)
mostram que controlar a glicemia garante pelo menos 40% de redução no risco da
doença. E 60% da progressão da neuropatia já instalada.
Nesse caso, além do controle da glicemia, os tratamentos hoje existentes
podem reduzir a gravidade da doença, embora não consigam a recuperação total
das fibras nervosas lesionadas
A atividade física regular é uma das principais estratégias para
prevenção e retardamento do desenvolvimento da neuropatia, porque aumenta a
oxigenação dos tecidos periféricos e melhora a modulação do sistema nervoso
autonômico. Mas não é só: é também uma estratégia terapêutica para a doença já
instalada, ajudando, por exemplo, a reduzir significativamente os sintomas da
neuropatia, como a chamada dor neuropática. Estudos mostram inclusive a
regeneração de fibras nervosas em indivíduos com diabetes tipo 2 participantes
de um programa de exercícios. Vale ainda controlar o peso, as gorduras sanguíneas,
a pressão arterial, parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.
Basicamente, o de sempre!
Para completar, a cereja do bolo: verifique regularmente como anda
a sua sensibilidade. Se possível, já no diagnóstico: estudos mostram que 7,5%
dos novos casos de diabetes tipo 2 apresentam neuropatia. Os profissionais de
saúde (principalmente médicos e enfermeiros) têm instrumentos para avaliar a
sensibilidade periférica. Desde exame clínico e avaliação completa do pé (com
testes de monofilamento e diapasão, por exemplo), até estudo da condução
nervosa, eletroneuromiografia e ultra-sonografia. Converse com seu médico e
equipe de saúde.
Além disso, preste atenção a sinais e sintomas não usuais.
Taquicardia, tontura, impotência, incontinência urinária, dores e desconforto
nos pés e nas mãos. Informe seu médico, pergunte se tem relação com o diabetes.
A neuropatia pode ser silenciosa e progredir lentamente sem ser detectada. Se
detectada, pode ser tratada. O diagnóstico precoce garante saúde e qualidade de
vida.
Ah, e não deixe de observar seus pés. Mas isso é assunto para
outra conversa.
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