Certamente você já ouviu falar que diabetes tipo 2 tem a ver
com obesidade. Talvez até você ache que tem a ver APENAS com obesidade.
Sim, o excesso de peso é um dos fatores de risco para o
desenvolvimento do DM2. Especialmente a gordura acumulada ao redor da cintura. Isso
porque a gordura corporal favorece o desenvolvimento da chamada resistência à
insulina. Funciona assim: o aumento do tecido adiposo leva o pâncreas a produzir
mais insulina. O excesso de insulina começa a gerar a resistência, por um
mecanismo de saturação dos receptores celulares. Quanto mais insulina é
produzida, maior a resistência.
Esse ciclo facilmente entra em desequilíbrio, trazendo
aumento da glicemia. A isso se soma a presença de células adiposas
sobrecarregadas (com muita gordura!), gerando no organismo um ambiente
inflamatório. Que é fator de risco não apenas para o diabetes tipo 2 mas também
para problemas cardiovasculares, especialmente pressão alta e aterosclerose
(formação de placas de gordura na parede interna dos vasos sanguíneos).
Mas não apenas o peso extra causa DM2. Muitas pessoas magras
têm diabetes e outras gordinhas nunca vão desenvolver a doença. Isso porque existem
outros fatores de risco também determinantes para o diabetes tipo 2. Os
principais são histórico familiar
(pai/mãe/irmão com DM2), dieta
desequilibrada e falta de exercício.
Esse é ou não um perfil comum? Infelizmente, hoje um número enorme de pessoas
não faz escolhas saudáveis. Por que então só quem tem diabetes tipo 2 é tachado
de preguiçoso, descomprometido, desleixado?
No início dos anos 2000, alguns estudos importantes
mostravam que adotar um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada
e prática regular de atividade física, é a base para evitar ou retardar o
desenvolvimento do diabetes tipo 2. Paradoxalmente, essas pesquisas
contribuíram para criar ou amplificar o estigma sobre o DM2, que passou a ser
visto como resultado de um “estilo de vida doente”. Ou seja, culpa da vítima.
Porém, diabetes tipo 2 é mais do que isso. É uma condição
multifatorial, que envolve mecanismos fisiológicos nem sempre controláveis. Culpar
uma pessoa com DM2 por sua condição é fazer uma série de suposições –
verdadeiras ou não – sobre o modo como ela vive a vida. Mesmo que a pessoa não
tenha feito ou não faça as escolhas mais saudáveis, por que o preconceito?
Outras doenças e condições são causadas por maus hábitos, mas não se estabelece
culpa no infarto ou na hipertensão, por exemplo.
Mas voltando ao nosso assunto de hoje. Se você ainda não tem
o diagnóstico ou se está desconfiado que o cônjuge ou amigo(a) tenha DM2, saiba
que também podem ser indicativos de risco:
·
Pressão alta
·
Dislipidemia (taxa elevada de colesterol ou
triglicérides)
·
Diabetes gestacional prévio (ou bebê nascido com
mais de 4 kg)
·
Síndrome de ovários policísticos
·
Apneia do sono
·
E, claro, ter diagnóstico de pré-diabetes (diminuição
da tolerância à glicose ou glicose de jejum alterada)
Você também pode fazer o teste disponível no site da IDF
(International Diabetes Federation), em https://www.idf.org/type-2-diabetes-risk-assessment/.
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